Fonte: Por Karin SalomãoPublicado em: 23/10/2020 às 06h00Alterado em: 22/10/2020 às 20h10
O mercado imobiliário está agitado no Brasil. Dominado por empresas nacionais em busca de capitalização, o mercado vive um período de recuperação acelerada depois da pandemia. No meio da movimentação das construtoras e incorporadoras nacionais, uma empresa estrangeira fortaleceu sua posição no Brasil, tem um banco de terrenos de 1,5 bilhão de reais em possíveis vendas e espera lançar sete empreendimentos este ano e no próximo.
O Grupo Lar, empresa familiar espanhola de 50 anos, está há 10 anos no Brasil. No entanto, em grande parte de sua primeira década no país, a incorporadora esteve focada no interior de São Paulo, em Jundiaí e em Campinas. Nessa década, lançou quatro empreendimentos, com 2.000 unidades vendidas. No entanto, o grupo passou alguns anos um pouco apagado por aqui. Assim como outras empresas do setor, sofreu um grande impacto com a crise de 2014 a 2018. Na ocasião, a operação foi ajustada e a empresa decidiu não realizar novos investimentos. É hora de mudar de casa? Alugar ou comprar, e como? A EXAME Academy ajuda você.
No ano passado, a situação mudou. Guilherme Carlini, até então diretor da Gafisa, chegou à companhia como novo diretor geral para o Brasil e quase toda a equipe foi trocada. O foco também mudou, do interior do estado para a capital paulista. O primeiro empreendimento na cidade de São Paulo será lançado neste final de semana. “A estratégia é quase completamente diferente e chegamos a São Paulo, um mercado competitivo e com as melhores práticas”, diz o executivo.
Com um escritório de 30 funcionários, a incorporadora compra os terrenos e usa mão de obra e construtoras terceirizadas para erguer o prédio. Atualmente, a companhia tem um valor geral de vendas de 1,5 bilhão de reais previstos em terrenos.
Com uma receita prevista em 200 milhões de reais este ano, a incorporadora espera chegar de 600 a 800 milhões de reais no curto prazo. A previsão era lançar cerca de seis projetos este ano, plano que foi adiado por conta da pandemia. Os lançamentos devem chegar a dois este ano e mais cinco no ano que vem.
Na Espanha, país natal do grupo, o foco é em ativos imobiliários no setor de logística e shopping center. Cerca de 50% de seu faturamento está na Europa e 50% na América Latina. Com as mudanças, o Brasil passou a ser o segundo país mais relevante para o grupo depois da Espanha.
A presença de uma empresa estrangeira no mercado imobiliário brasileiro não é comum. Para Carlini, parte do motivo é pela insegurança de apostar em investimentos em longo prazo em um mercado volátil. “É um ciclo longo de investimentos entre comprar o terreno e vender o imóvel e o mercado ainda está longe de uma segurança jurídica que seja atraente para o mercado estrangeiro”, afirma ele.
Já para o Grupo Lar, é uma oportunidade de ter mais retorno sobre os investimentos, já que a operação do grupo na Europa está menos focada no desenvolvimento de novos empreendimentos e mais na renda do aluguel e uso de seus imóveis.