Matheus Muratori22/03/2022 13:50 – atualizado 22/03/2022 14:37
Fonte : https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2022/03/22/internas_economia,1354533/construtoras-afirmam-que-obras-publicas-vao-parar-sem-correcao-de-contratos.shtml
Obras públicas em todo o Brasil passam por um momento conturbado em meio à inflação generalizada, com alta em insumos para realização destes empreendimentos. É o que alegam sindicatos de todo o país, como o Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot-MG).
LEIA MAIS
- 12:57 – 21/03/2022Preço do frango teve alta de 16% em um mês, em BH; veja valores
- 20:28 – 21/03/2022Dólar fecha abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junho de 2021
- 15:31 – 19/03/2022Diesel sobe 41,5% e gasolina 25,2% em um ano em Minas Gerais
João Jacques Vianna Vaz, presidente do Sicepot-MG, afirma que os valores pré-acordados não conseguem ser mantidos em meio a um cenário de instabilidade econômica, como atualmente. Em contato com o Estado de Minas, ele diz que empresas fornecedoras estão fechando diante dessa situação, deixando obras em “ponto morto”.
“O Brasil é isso que está acontecendo. Sindicatos se reuniram e elaboraram algo que alivia momentaneamente a situação das empresas. Levaram isso para conhecimento federal para viabilizar projetos, porque realmente está um clima de insatisfação e inviabilidade mesmo, está inviável. As empresas existem para trabalhar e não estão dando conta, vão fechar as portas”, diz.
Em janeiro de 2022, por exemplo, o preço dos insumos da construção teve a maior alta anual registrada desde 2013. De acordo com o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), a alta foi de 18,65% em 2021. Segundo o mesmo levantamento, em dezembro do ano passado, a média do custo por metro quadrado foi de R$1.514,52 no país. Desse valor, R$910,06 dizem respeito a materiais, enquanto R$604,46 são de pessoal.
É com esse argumento que o presidente do Sicepot-MG pede uma revisão na lei. Atualmente, o sistema de reajuste de preços é somente anual. Contudo, João Jacques Vianna Vaz pede um reajuste mais constante.
“O X da questão é que a equação não fecha, pois, os insumos podem subir em qualquer momento, eles sobem aleatoriamente e temos que ajustar o preço que está vendendo. Desde que teve o plano real, tem previsto esse reajuste de preços de contratos públicos anualmente, uma vez por ano, mas os insumos sobem todo dia, as empresas não estão aguentando”, afirma, à reportagem.
“Tem que se arrumar uma saída para que empresas possam corrigir o preço para eles conseguirem seguir trabalhando. As obras estão paradas, não agora, mas ao longo de um tempo já. O que custa mais caro, uma correção fora do período de aniversário, como chamam, ou deixar as obras paradas? Tem que se criar uma solução, pois, como existe lei, o ordenador fica refém dela, não tem jeito de sair disso, e fora isso tem os órgãos que dificultam mais, com normatizações mais rígidas. Aí que o ordenador não quer assinar nada”, completou.
O diretor do Sicepot-MG, contudo, não critica radicalmente a lei e reconhece que ela já ajudou as obras, mas deixa claro que ela precisa de atualizações. “A lei corrigiu muitos problemas, quando tem inflação controlada é viável, mas nesse ponto que estamos tem que arrumar. Aí a população fica desatendida, sem estradas, hospitais, escolas, a população sofre diretamente. O investimento em estrutura está menor a cada ano, e a infraestrutura é fundamental para a economia crescer, é um círculo”.